28.1.08

SOBRE OS CRISTÃOS E O JUDAÍSMO

A escola de samba "Viradouro", num ato de extrema boçalidade, quer colocar no desfile das escolas de samba do carnaval carioca um carro com uma alegoria do holocausto. Obviamente, a comunidade judaica protestou energicamente, exigindo que não se cometa tal absurdo. Todavia, um imbecil qualquer usou de um grande jornal para dizer que a censura é um absurdo. Fiquei pasmo.
Antes de qualquer outra reflexão, só quero lembrar que a "justiça" fluminense já proibiu uma escola de samba de desfilar com um Jesus maltrapilho, argumentando que isso era um desrespeito à "santa" madre igreja. Se a "justiça" for minimamente coerente, há de proibir também, e pelos mesmos motivos, o desfile do tal carro alegórico. Todavia, dado a "justiça" que nós temos, não posso ter tanta certeza.
Quero agora fazer mais uma reflexão: o tal Jesus, que serviu de justificativa para a religião que Paulo criou e o imperador Constantino sistematizou, tem sua morte, que ocorreu há quase 2.000 anos, lembrada até hoje, em intermináveis ladainhas, sermões e preces. Pensem comigo: Jesus foi UM homem. Ele sofreu e foi sacrificado "injustamente". Mas quantos MILHÕES de homens não perderam suas vidas em condições semelhantes, ao longo da história humana? Mas Jesus foi crucificado! E quantos milhares também não foram? Ou há alguém idiota o bastante para achar que só Jesus e os outros dois coitados ao lado dele foram crucificados? Não, DEZENAS DE MILHARES, talvez mesmo CENTENAS DE MILHARES de pessoas também foram crucificadas pelos romanos. Bastava não ter civitas. Aliás, o fato de Jesus ter sido crucificado é a prova viva que forma os romanos que o mataram. A crucificação era uma maneira ROMANA de matar. Fosse ele morto pelos judeus, teria sido enforcado.
Mas, argumentam os religiosos, ele sofreu para nos "salvar". E quantos outros além dele? Ou só Jesus foi morto por que queria "salvar" alguém? Acaso cada um das dezenas de milhões de soldados que pereceram lutando contra Hitler, para falar nos que morreram para defender UMA causa, sem falar em cada uma das pessoas, altruisticamente, morreram em outras milhares de guerras e causas "justas" que ocorreram ao longo da história humana. Para ficar em um caso, temos o Tiradentes. Deum ponto de vista estritamente filosófico, eu e outros bilhões de seres humanos não pedimos para ninguém nos salvar e como o famoso [e lúcido] bardo persa, dou-me, particularmente, o direito de reusar o perdão que não pedi.
Além disso, ele supostamente era o filho de Deus. E olha que ele acreditava não apenas que tinha uma alma, mas também que esta era imortal como que, a acreditar no dogma da santíssima trindade, era o ptóprio Deus. Desse jeito morrer é muito mais tranquilo, menos desesperador: é só a dor, mas quem teve cólica de rins e hemorragia craniana sabe muito bem que pode-se sobreviver a dor.
Agora vamos pensar nos judeus: seis milhões deles tiveram rubados tudo o que possuíam, inclusive os bens, a liberdade, a dignidade e a própria vida, há menos de 70 anos e um imbecil vem dizer que já é tempo deles esquecerem? Por que o dito idiota não pede o mesmo aos cristãos, que não conseguem esquecer de um homem que morreu há quase vinte séculos? Mas segundo este energúmeno, os judeus devem esquecer de 6 milhões deles que foram mortos a menos de um? Tenha a santa paciência! A tal alegoria é a prova do quanto as pessoas podem ser insensíveis, estúpidas e cretinas. Um desrespeito, não apenas contra os judeus, mas contra a história humana.
E que os judeus estão corretos: é preciso lembrar sempre!

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