8.3.08

ORTEGA E GASSET, UM PENSADOR ESPANHOL

Antes de ler o texto aqui abaixo, dê uma espiada no que DISSE Ortega y Gasset, clicando no link anexado ao nome do artigo. Agora, abaixo, leia como o mesmo filósofo AGIA:

"Ortega é considerado o mais influente filósofo espanhol do século XX. Em teoria combateu a massificação das pessoas e a desumanização da arte, mas na prática assumiu uma conduta cúmplice com a ditadura franquista (Espanha) e a salazarista (Portugal), mostrando-se indiferente à barbárie nos dois países.

Ortega viveu em Lisboa entre 1942 e 1955, sempre rodeado de fervorosos defensores da ditadura salazarista. No seu luxuoso apartamento na Avenida da República, enquanto escreve sobre as grandes ameaças do mundo moderno, ignora o mundo que está à sua volta. Logo após a IIª. Guerra Mundial numa entrevista ao director jornal italiano - IL Giornale - manifesta apenas uma única preocupação em relação a Portugal era se os portugueses conseguissem matar o ditador Salazar. Se este fosse morto, segundo Ortega, instalar-se-ia o caos no país. O melhor que a população portuguesa devia fazer, na opinião deste notável filósofo, era conformarem-se à barbárie.

Ao longo dos 13 anos que viveu em Portugal, período apenas interrompido por algumas estadias em Espanha, mostrou sempre de forma clara e ostensiva que desprezava tudo o que aqui acontecia no país: a luta do povo português contra a ditadura e a miséria. O seu desprezo era extensivo aos milhares de republicanos espanhóis exilados em Portugal. O seu drama não o incomodou. A única coisa que o preocupava era a protecção que lhe prestava o ditador Salazar. Nas suas visitas a Espanha, depois de 1946, Ortega procurou de forma sistemática o reconhecimento de outro ditador: Francisco Franco.

A razão da sua indiferença em relação a Portugal tem uma explicação muito simples: Ortega faz parte de uma geração de políticos e intelectuais espanhóis que impregnados de ideias totalitárias e xenófobas não concebem a existência de Portugal. A sua existência histórica é assumida como uma "anomalia", algo que não se encaixa num discurso unitário da Península Ibérica dominada pela Espanha. A "teimosia" dos portugueses em serem independentes é sentida como uma ameaça à sua unidade de um território que a Espanha se reclama como herdeira. É por isso que Ortega tendo vivido em Portugal durante 13 anos ignora a identidade cultural e histórica do país.

Esta concepção xenófoba muito difundida entre monárquicos, republicanos e depois falangistas espanhóis, teve uma terrível consequência política em Portugal: Ortega e outros intelectuais espanhóis, como estas atitudes, ajudaram a consolidar a ditadura salazarista, dado que esta se afirmava internamente como um bastião contra as ingerências externas, em particular contra as espanholas."

Carlos Fontes

Comments: Postar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Archives